Olho em volta para te
encontrar mas não estás. Estico os braços na escuridão à tua
procura e não dou contigo. Tenho medo. Respiro fundo, penso,
lembro-me, fecho os olhos e dou um passo. E outro. E mais um. Afinal
estavas aí. Invisível. Intocável. Mas sempre a guiar-me.
O teu calor que me falta
é compensado pelo vapor da memória. As dúvidas dissiparam-se e
estão, para sempre, perdidas. Os fantasmas foram sugados para outra
alma, uma que foi outrora minha mas não o é mais. O medo que me
paralisava é motor para o que falta percorrer. E a maior certeza
empurra-me. Perene, sólida, profunda. Uma certeza que nunca tinha
visto e sempre me tinha acompanhado: a certeza que a saudade nunca
será tão forte como o abraço que a mata.
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